Escola em Vitória passa a se chamar Professora Flávia Amboss Merçon Leonardo
Aprovada lei que homenageia educadora capixaba vítima do massacre de Aracruz e reforça a memória de quem dedicou a vida à educação pública
24 out 2025, 16:39 Tempo de leitura: 2 minutos, 28 segundos
O Centro Estadual de Ensino Médio em Tempo Integral (CEEMTI), que fica em Santa Helena, Vitória, tem um novo nome. Foi sancionada a Lei nº 12.609/2025, de autoria da deputada estadual Camila Valadão (PSOL), que renomeia a instituição, antes com o nome de Professor Fernando Duarte Rabello, para CEEMTI Professora Flávia Amboss Merçon Leonardo.
A mudança é uma homenagem à professora, que foi uma das educadoras assassinadas no massacre de Aracruz, ocorrido em 25 novembro de 2022, que também vitimou outras duas educadoras e uma estudante. A sanção da lei foi publicada na última terça-feira (21) no Diário Oficial do Estado.
Flávia era reconhecida pela dedicação à educação pública e pelo trabalho em defesa dos direitos humanos e da justiça socioambiental. “Essa é uma justa homenagem a uma profissional que dedicou sua vida à formação de jovens e à construção de uma sociedade mais humana. O nome de Flávia passa agora a inspirar futuras gerações de estudantes, professores e professoras”, afirmou Camila Valadão, autora da lei.
A parlamentar destacou que a mudança também tem um sentido político e simbólico, pois além da homenagem à Flávia, a lei também revisita criticamente o nome anterior da escola, que homenageava Fernando Duarte Rabello, ex-reitor da UFES indicado durante a ditadura militar.
“É uma forma de transformar o luto em luta. Essa mudança é parte do compromisso com uma memória democrática. Não faz sentido que uma escola pública continue homenageando uma figura associada ao autoritarismo, enquanto temos educadoras como Flávia, Cybelle e Maria da Penha, que representam a coragem, a solidariedade e a defesa da vida”, ressaltou a deputada.
Camila também apresentou uma indicação ao governo estadual para que as outras professoras vítimas do ataque, Cybelle Passos Bezerra Lara e Maria da Penha Pereira de Melo Banhos, sejam homenageadas com nome de novas escolas no Estado.
“Nomear uma nova unidade escolar com o nome de uma dessas educadoras significa não apenas um gesto simbólico de reparação, mas também a valorização de uma memória que se recusa esquecer. É manter viva a presença dessas mulheres que acreditavam em uma educação pública de qualidade, inclusiva e transformadora”, defende Camila.







Quem era Flávia
Flávia Amboss era mestre em Ciências Sociais pela UFES e doutora em Antropologia Social pela UFMG e militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Em 2024, o movimento lançou postumamente o livro “Imprensados na Crise: A gestão das afetações no desastre da Samarco (Vale-BHP)”, resultado de sua pesquisa acadêmica.
“Dar à escola o nome de Flávia é preservar a memória de uma educadora que acreditava na força da educação pública e na transformação coletiva. É manter viva a presença de uma mulher que ensinou com coragem, compromisso e sensibilidade”, concluiu a deputada.
